Pesquisar este blog

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

A criança e sua educação na família no início do século: autoridade, limites e cotidiano.
Caldana, R.H.L.(1998). A criança e sua educação na família no início do século: autoridade, limites e cotidiano. Temas em Psicologia, vol. 6, 2, 87-103.


    A autora faz uma análise comparativa entre as concepções e metodologias da família tradicional e da moderna através de estudos teóricos e de entrevistas com pessoas idosas , procurando compreender as mudanças da relação adulto-criança no processo educativo. Seu foco encontra-se no início do século XX, resgatando os possíveis aspectos que se refletem na educação promovida pela família de hoje.
    Segundo Horkheimer , embora a Idade Moderna (aproximadamente entre o século XVI e o XVIII) nos traga a noção de individualidade e liberdade (pelo menos de forma teórica) desses sujeitos, no imaginário social, essas transformações são muito mais lentas. Sob uma perspectiva mais ampla, permanecem as relações de hierarquia e da autoridade paterna até o pleno estabelecimento de uma sociedade industrial.
    No Brasil, como em todo o ocidente, esse contraste entre a família tradicional e a moderna não dá conta de todas as variações e nuances da vida real, já que antes de tudo representam modelos paradigmáticos. Entretanto podemos identificar o início do século XX, com o ideário republicano, com a crescente urbanização, com as reformas médico-higienistas nas cidades e , é claro, com o relativo desenvolvimento industrial, como cenário importante das mudanças das relações familiares. A família burguesa atinge o auge de sua afetividade, a mulher se torna mãe com a retirada gradativa da serviçal e/ou nutriz, a puericultura se estabelece como prática cotidiana, a rigidez e restrições impostas pela autoridade dos adultos vão progressivamente diminuindo, assim como as relações entre pais e filhos vão se suavizando.
    É importante salientar que, embora os pais se preocupem em atender os desejos dos filhos, vislumbrando-os como "sujeitos desejantes": na maioria das vezes, as restrições eram colocadas ou pelas condições de vida, ou pela própria autoridade de um dos pais. Atualmente, a sociedade de consumo e o imaginário em que estamos submersos, nos dizem que os objetos desejados, anteriormente vistos como supérfluos, são na verdade, essenciais para o nosso bem-estar e felicidade. É aí que a autoridade aparece como uma idéia anacrônica , como veículo de restrições insuportáveis: em termos de relação entre pais e filhos, consideramos mais pertinente falar de uma recodificação de valores (Ariès, 1981 e Géllis, 1991, apud) cujo instrumento mais pertinente parece ser a própria sociedade de consumo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário


Quem sou eu

Minha foto
Profa Cristina e alunas/os do curso de Formação de Docentes do Núcleo de Dois Vizinhos - Paraná